As Terras Indígenas Tabalascada, Malacacheta e Canauanim, localizadas na região da Serra da Lua, no município de Cantá (RR), enfrentaram entre 2023 e 2024 um dos incêndios florestais mais graves dos últimos anos. A força coletiva das comunidades foi fundamental para conter o avanço das chamas que destruíram lavrados, matas e roças inteiras, além de comprometer a saúde de moradores, principalmente de crianças e idosos.
O comunicador indígena Nailson Wapichana acompanhou de perto os mutirões organizados pelas próprias comunidades para combater o fogo. O trabalho foi realizado também com o apoio das brigadas indígenas locais.
“A situação foi muito grave, com perdas que afetam diretamente o nosso modo de vida. Não foram só bens materiais, mas a nossa segurança alimentar e o bem-estar da comunidade”, destacou Cesar da Silva, tuxaua da Terra Indígena Tabalascada.Além dos impactos ambientais, as mudanças climáticas e a ação humana agravaram o cenário, foi o que relatou José Ailton, tuxaua da Terra Indígena Malacacheta.
“A sociedade precisa entender o quanto a prática de colocar fogo na mata nos prejudica. Sentimos na pele os efeitos do clima e da imprudência de outros. As nossas roças, que garantem o alimento, foram queimadas”, afirmou o tuxaua.
Diante da destruição, o esforço comunitário se mostrou essencial. Em Canauanim, a mobilização rápida evitou que o incêndio causasse ainda mais danos.
“Conseguimos controlar o fogo com o apoio da comunidade e hoje já estamos mais preparados. Sabemos que pode acontecer de novo, e por isso já estamos nos organizando para agir com rapidez”, explicou Helinilson Cadete, tuxaua da Terra Indígena Canauanim.
Com a previsão de uma nova seca em 2025, as comunidades reforçam os cuidados com o território e a prevenção aos incêndios. A experiência vivida se transforma agora em aprendizado coletivo e ações concretas, baseadas na união, no conhecimento tradicional e no compromisso com a vida.
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