Mais de 80 bispos da Pan-amazônia, com a participação dos bispos do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), estão reunidos na sede do Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM), em Bogotá (Colômbia), de 17 a 20 de agosto de 2025. Um encontro de escuta para ajudar nos processos de construção de um Plano Sinodal para a Igrejas da Pan-Amazônia.
Um encontro para retomar o Sínodo
Uma dinâmica que tem sido ressaltada pelo arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1 da CNBB na missa de abertura, onde foi celebrada a Missa da Criação: “estamos aqui para retomar o Sínodo, nos colocarmos mais uma vez a caminho, tentando assim expressar também o sínodo nas nossas dioceses, nas nossas Igrejass particulares”, afirmou. Ele sublinhou que “é um momento muito importante para a Igrejas que se encontra na Pan-Amazônia, para podermos assim todos juntos refletir e caminhar”, vendo no texto do Evangelho do dia um elemento que “pode nos ajudar nesse caminho”.

No “vem e segue-me” de Jesus, o cardeal Steiner vê “uma atratividade de eternidade.” Ele citou as palavras de São João Crisóstomo, que disse que “não foi um ardor medíocre que o jovem revelou, estava como que apaixonado”, ressaltando que a diferença de outros, o jovem, “aproximou-se de Jesus para conversar da eternidade, a vida eterna”, dado que “o jovem viu em Jesus certamente um caminho, o caminho da bondade, da compaixão, da misericórdia, da transformação, da eternidade”.
A riqueza dos mandamentos
O arcebispo de Manaus refletiu sobre os mandamentos, que “às vezes soam como norma, como obrigação, como preceitos. Mas mandamentos são sinalizações, indicações, são iluminações, é o caminho que havia percorrido.” Mandamentos que cardeal definiu como “exercitar-se continuamente nessas tarefas do Espírito, sim, conhecer as riquezas, as transformações, as maturações que os mandamentos possibilitam, a possibilidade de desabrochar a vida, a possibilidade de chegar à maturidade da fé do povo de Deus”.
O presidente do Regional Norte 1 refletiu sobre as atitudes do jovem, mostrando os passos dados, mas “ele havia intuído que em Jesus havia algo mais. Em Jesus havia mais que bondade, havia mais do que caridade”, destacou o cardeal Steiner. Daí a resposta de Jesus: “só te falta uma coisa, vai e vende tudo que tens e dá aos pobres e terás um tesouro no céu. Vem e segue-me”, reconhecendo que “Jesus propõe um passo a mais. Tudo a partir de um grande amor. Um amor livre, gratuito. Um tesouro que dá sentido a tudo. Seguir, mas segui-lo na liberdade”.

Seguir Jesus é um grande tesouro
Isso porque “seguir tem a força, o vigor de uma ruptura. É um salto mortal, um salto existencial inigualável. É como que morrer para viver em Cristo, de Cristo, entrar no seu seguimento”, afirmou o arcebispo de Manaus. Ele reforçou: “seguir Jesus é um grande tesouro. Um movimento maravilhoso e transformador que é mais do que a abnegação cristã. É a liberdade do Crucificado Ressuscitado”.
Frente a isso a resposta do jovem, que mostra que “o terreno era fértil, mas esbarrou na gratuidade do seguimento, na pobreza do seguimento. Desapareceu a ligeireza, a prontidão, a disponibilidade, a busca. O que sobrou? A tristeza, a lentidão dos passos, não mais perguntas pela eternidade. E distanciou-se de Jesus com passos lentos, com ar de frustração. Tinha dado a impressão que era um homem livre, pronto, mas não era. Carregava demais, tinha amarras demais. Por isso saiu desiludido, não descobriu o tesouro do viver, a vida eterna, feita pobreza, feita gratuidade”.
Uma dinâmica que envolva as Igrejas da Pan-Amazônia
O evangelho de hoje, enfatizou o cardeal Steiner, “nos provoca ao seguimento, a razão de ser de uma dinâmica que envolva todas as nossas Igrejas particulares, todas as nossas Igrejas da Pan-Amazônia. É aquele convite de vender tudo e seguir, seguir para viver da grandeza, da bondade do Reino de Deus. As nossas Igrejas, as nossas comunidades serem sinal, visibilização do Reino de Deus, da sinodalidade”.

Para isso, ele pediu que “o convite do seguimento na gratuidade possa nos ajudar no caminho que iniciamos com o Sínodo para a Amazônia. A deixar-nos guiar pelos sonhos de Querida Amazônia.” O cardeal insistiu em que “não se trata de uma nova organização, mas de uma inspiração. Um espírito que renova e funda o modo de ser Igrejas.” Por isso, ele fez ver aos bispos reunidos que “fomos colocados à frente das nossas Igrejass, nas nossas Igrejass. Todas as nossas Igrejass despertadas pelo ‘Se tu queres ser perfeito, vai e vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás o tesouro do céu. Vem e segue-me’. As nossas Igrejass particulares no seguimento gratuito de Jesus.” Diante disso ele questionou: “Então, o que importa?”, respondendo que “o que dá razão a nossa vida, a nossa Igrejas, às nossas Igrejass é o seguimento de Jesus, que é o modo do reino de Deus”.
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