Na manhã desta quarta-feira, 6 de agosto, a coordenadora do Fundo Indígena Rutî, Josimara Baré, participou da mesa "Financiamento direto e captação de recursos para territórios indígenas", em um espaço marcado pela força ancestral e pela articulação política das mulheres indígenas.

A atividade reuniu lideranças femininas de diferentes povos e organizações, todas com trajetórias de luta pela autonomia dos territórios e pela soberania dos povos originários. A mesa se tornou um momento potente de troca de experiências, orientações técnicas e estratégias práticas para garantir o acesso direto a recursos financeiros pelas comunidades indígenas.

Josimara Baré chegou ao espaço acompanhada pela delegação das mulheres indígenas de Roraima, entoando cantos e realizando danças tradicionais. A entrada foi uma forma simbólica e espiritual de fortalecer a fala da coordenadora, que representava não apenas o Conselho Indígena de Roraima (CIR), mas também o protagonismo feminino na gestão de fundos próprios.

Durante sua intervenção, Josimara apresentou a experiência do Fundo Indígena Rutî, iniciativa que completou um ano de atuação e que tem como diferencial ser gerido por indígenas. O fundo, ligado ao CIR, está prestes a divulgar o resultado de seu primeiro edital, que vai beneficiar comunidades e projetos em diferentes níveis – comunitário, familiar e regional – dentro do estado de Roraima.

Quero agradecer a todas as mulheres e é uma honra participar desta mesa. Destaco que nós, povos indígenas, não somos negócios, nós somos a solução para enfrentar a crise climática e merecemos ser ouvidos", afirmou Josimara. "Os fundos indígenas demonstram que somos capazes de gerir nossos próprios recursos e a maioria deles é gerido por mulheres."

Além de destacar a importância da autonomia financeira e do fortalecimento de iniciativas indígenas, Baré reforçou que os mecanismos de financiamento precisam ser construídos de forma coletiva, com a escuta ativa dos povos originários.

"Nada sobre nós sem nós. Os povos indígenas são as respostas para a cura do planeta", concluiu.

O momento contou ainda com a participação de Watatakalu Yawalapiti (ANMIGA), Sandra Alvorado (CONFENIAS), Valéria Paye (PODAÁLII), Ana Paula Vargas e Mônica Chuji (IPRI), compondo um momento de articulação plural, onde vozes femininas reafirmaram que ocupar espaços de decisão é também uma forma de proteger os territórios e reescrever os caminhos do financiamento climático e social no Brasil e no mundo.