A PCRR (Polícia Civil de Roraima), por meio do Nupen (Núcleo de Ensino e Pesquisa), concluiu na última sexta-feira, dia 3, a disciplina Entradas Táticas: Combate em Recinto Confinado, parte integrante do I COP (Curso de Operações Policiais), treinamento inédito no estado que reúne aproximadamente 30 disciplinas de alta complexidade voltadas ao preparo de operadores táticos.
A disciplina abordou estratégias para atuação em ambientes restritos, como edifícios, corredores, escadas e áreas urbanas densas, com foco em planejamento, progressão tática em equipe, análise de risco, uso de armamentos e equipamentos especializados, além da comunicação eficiente entre integrantes da equipe.
Os instrutores foram o diretor adjunto da DOE (Divisão de Operações Especiais) da Polícia Civil do Distrito Federal, Paulo Brandão, e o policial Igor Thiago Maux Lopes. Até o momento, o I COP já contou com instrutores locais e de diferentes estados, como Goiás, Rio de Janeiro, Amazonas, Rio Grande do Sul e Distrito Federal, reforçando a cooperação técnica e interinstitucional.
“Entrar no desconhecido para pegar um desconhecido”
O diretor adjunto da DOE, Paulo Brandão, destacou os desafios da atuação policial em espaços confinados e a importância da segurança da missão.
“O que a gente resume é: entrar dentro do desconhecido para pegar um desconhecido. Isso requer um respaldo muito grande, e o nosso viés maior é a preocupação com a segurança da missão. Treinamos técnicas e procedimentos que resguardam tanto os policiais quanto as pessoas que estão dentro do ambiente”, falou.
Ele explicou que a ausência de preparo pode comprometer uma operação. “Os erros mais comuns surgem da falta de treinamento, de procedimentos padronizados, de entrosamento da equipe ou de equipamentos. Por isso, é fundamental conhecer bem o ambiente operacional, planejar a missão, ter uma equipe treinada e dispor de equipamentos adequados para garantir segurança”, disse.
Brandão acrescentou que o curso oferece uma espécie de “receita de bolo” que os operadores poderão adaptar à realidade de suas unidades:
“Entradas táticas é uma matéria lato sensu. Aqui estamos trabalhando a vertente do cumprimento de medidas judiciais. Depois de formados, esses policiais levarão esse conhecimento para suas unidades, adaptando-o ao cenário em que atuam. A partir daí, estarão prontos para desempenhar missões focadas na segurança e no cumprimento final da missão, com respaldo técnico e jurídico”, disse.
Ele destacou ainda que a disciplina possui diversas vertentes, como resgate de reféns e enfrentamento a suspeitos barricados, mas nesta edição o foco foi o cumprimento de medidas judiciais (CMJ), atividade central da Polícia Judiciária.
Orgulho e reconhecimento da delegada-geral
A delegada-geral, Darlinda de Moura Viana, acompanhou o treinamento ao lado da chefe do Nupen, delegada Elivania Aguiar, e destacou o orgulho e a satisfação pelo desempenho dos policiais durante o curso.
“Eu sei o quanto está sendo desafiador e intenso todo este treinamento, por isso o meu respeito e orgulho por cada um de vocês. Estes policiais estão sendo instruídos pelos melhores profissionais, com conhecimento de alto nível que a coordenação do curso trouxe. A estrutura disponibilizada pelas polícias parceiras, especialmente a Polícia Civil do Distrito Federal, é de altíssimo desempenho, o que nos permite oferecer um curso completo, técnico e valioso não apenas para a Polícia Civil de Roraima, mas também para outras instituições que compartilham experiências conosco. É gratificante ver essa parceria e esse investimento em conhecimento e excelência”, disse.
De Roraima para o Amazonas: integração entre forças
O coordenador do I COP, delegado Paulo Henrique, explicou que após a etapa rústica, considerada a mais difícil do curso, os alunos seguem agora para fases técnicas e de integração com outras forças.
“Tivemos o início da jornada em 3 de setembro, com a etapa rústica, extremamente difícil do ponto de vista físico e psicológico, onde 27 iniciaram e hoje 14 permanecem. Agora seguimos para fases técnicas, como o combate em recinto confinado, com apoio de unidades especializadas, como a DOE de Brasília, e a próxima etapa será no Amazonas, em uma ampla interagência”, disse.
No Amazonas, os alunos treinarão com a CORE/FERA (Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais) e (Força Especial de Resgate e Assalto) da Polícia Civil, a COE (Companhia de Operações Especiais) da Polícia Militar, o Grupo Marte (Grupamento de Manejo de Artefatos Explosivos) e o DIOA (Departamento Integrado de Operações Aéreas) da SSP (Secretaria de Segurança Pública).
“Neste sábado, 4, todos os alunos embarcaram para o Amazonas, onde terão a oportunidade de participar de treinamentos específicos que vão agregar ainda mais expertise à Polícia Civil de Roraima”, falou.
Paulo Henrique destacou ainda que o curso tem respaldo do CNCOPE (Comitê Nacional dos Coordenadores de Operações Policiais Especiais) e que a formação de operadores qualificados é uma demanda antiga da instituição
“Essa capacitação já era necessária há anos. Agora, com novos policiais ingressando, a delegada-geral compreendeu a necessidade de qualificação maior para fortalecer o GRT (Grupo de Resposta Tática). Com apoio do CNCOPE, estruturamos um curso de excelência, que já é um sucesso”, afirmou.
Ineditismo e complexidade
O I COP é considerado um dos cursos mais complexos já realizados pela Polícia Civil de Roraima. Com aproximadamente 45 dias de duração e carga horária de 438 horas-aula, oferece 28 disciplinas que exigem preparo físico, psicológico e mental.
A capacitação visa formar policiais altamente qualificados para atuação em situações críticas, fortalecendo a segurança pública de Roraima e a integração com outras forças de segurança no Brasil.
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