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Nesta segunda os trabalhos da COP30, em Belém: a contribuição da Igreja Católica

Durante a COP, a CNBB e a Repam promoverão quatro polos de atividades de 12 a 16, com foco em acolhimento e aprofundamento

Nesta segunda os trabalhos da COP30, em Belém: a contribuição da Igreja Católica
Dom Alberto Taveira Corrêa, arcebispo emérito da Arquidiocese de Belém.
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Continuam nesta segunda-feira (10/11), os trabalhos no âmbito da 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima – COP30, que foram precedidos pela Cúpula do Clima que reuniu chefes de Governo e de Estado nos dias 6 e 7 de novembo, na capital paraense, Belém.

A partir desta segunda-feira a COP30 reunirá representantes de centenas de países para discutir ações de enfrentamento à crise climática. Em paralelo ao evento, a Igreja Católica preparou sua contribuição pastoral e profética com o programa “Igreja na COP30”. A iniciativa promove eventos e atividades de formação, reflexão e mobilização social sobre o cuidado da Casa Comum, em sintonia com o magistério da Igreja (especialmente as encíclicas Laudato Si’ e Laudate Deum).

A Igreja Católica na COP30

Dom Alberto Taveira Corrêa, arcebispo emérito da Arquidiocese de Belém, é o presidente da Coordenação Arquidiocesana da Comissão de Preparação e Acompanhamento da COP30. Ele conversou com a Rádio Vaticano – Vatican News.

Dom Alberto, a COP é uma realidade, presença de líderes mundiais, de delegações, e o senhor foi o responsável por organizar, em nome da Igreja, tudo aquilo que nós estamos vivendo agora como participantes. Como foi essa preparação?

Primeiro foi uma preparação feita com o coração. O grande operador foi o bispo auxiliar, dom Paulo Andreolli, que trabalhou junto comigo, junto com toda a equipe, em união com o arcebispo. Ele foi um verdadeiro herói, porque preparou aquilo que nós tínhamos sonhado, que é a Igreja na COP, a Igreja durante a COP. Eu tenho guardado uma expressão, que a nossa responsabilidade é dar alma. Porque a COP é um evento que não é nosso, é organizado pela ONU. Então, cabe a nós, por convivência, por palavras, por testemunho, dizer que a chave para tudo é o quê? Não é o verde, não é a água, não é o ar, mas são as pessoas humanas. E mais do que tudo, a chave está em Jesus Cristo. Então, aquilo que a igreja tem ouvido... e usado tanto essa expressão, uma ecologia integral, é ela que vai ajudar a convencer as pessoas a trabalharem para superar as mudanças climáticas, para conviver com essas realidades, a ter um amor maior pela natureza. Então, nós fomos muito impulsionados, para dizer uma coisa, o que nos ajudou demais foi a Campanha da Fraternidade deste ano. “Porque Deus viu que tudo o que Ele fez era bom”. Deus não colocou semente de maldade em nada. Se nós conseguimos viver isso aqui, já estaríamos dizendo para todo mundo que vem a Belém nesse período, que vale a pena amar a Deus, amar o próximo, cuidar da natureza, como o Papa Francisco, a seu tempo, dizia; esse dominar não é um domínio de alguém que acaba com tudo, mas é o cuidado. Essa ideia do cuidado da casa comum. Isso, para nós, é muito importante. E nós queremos valorizar de uma forma muito significativa, e queremos, então, volto a dizer, dar alma àquilo que se realiza na COP”.

Como será então a presença da Igreja, durante a COP?

“Nós temos coisas que foram organizadas pela CNBB. Temos a Repam, essa rede eclesial da Pam-Amazônia, que promove várias iniciativas. Na Arquidiocese, nós preparamos quatro polos de atividades. Polos formativos, celebrativos, polos de aprofundamento intelectual. Então, nós temos quatro polos que vão funcionar de uma forma muito interessante do dia 12 até o dia 16. Além disso, a presença nos outros eventos, porque nós sabemos que a quantidade de pessoas que acorrem a Belém durante esse período, de uma forma ou de outra, essas pessoas serão tocadas, serão valorizadas, serão amadas, serão acolhidas. Então, já estamos dando a nossa contribuição, se aprofundarmos os assuntos e se dermos esta acolhida para que todo mundo se sinta bem, se sinta irmão aqui em Belém”.

De toda essa temática que será discutida nos próximos dias, algo que chama a atenção ao senhor?

A coisa que me chama mais atenção é que cresce a consciência da responsabilidade pela casa comum. E aqui nós devemos a uma figura que já foi para o céu, o Papa Francisco. A encíclica que completou dez anos, a meu ver, ela está exatamente na base de tudo isso. Eu penso que o que me chama mais atenção não são os assuntos a serem discutidos. É uma nova consciência. É uma nova consciência que pode crescer diante da realidade, da natureza e buscando, é claro, a expressão que nós usaremos sempre, uma ecologia integral. Essa realidade da ecologia, olhando um pouquinho também para a realidade da nossa cidade de Belém, a porta de entrada por esse mar verde chamado Amazônia, como é. Nós temos uma preocupação muito grande, dirão, enquanto das pessoas que estão aqui”.

Como é a vida agora de um arcebispo em mérito?

“Eu tinha o dever de me preparar para ter um lugar onde ficar. Então, na casa de retiros Monte Tabor, foi preparado um apartamento para mim, só que quando o arcebispo chegou, ele disse, eu soube que vocês aqui vivem em comunidade como bispos, e eu também gosto de vida de comunidade, então eu quero viver com os três bispos juntos, dizia ele, e nós vivemos, o arcebispo, o auxiliar e eu como arcebispo em mérito, vivemos juntos, partilhamos tudo, fazemos todas as manhãs, no final do café da manhã, o nosso pequeno sínodo diário. Nunca há uma contradição entre nós, então nós podemos dar um testemunho de comunhão, ao mesmo tempo eu tenho que desaparecer para que ele cresça, então eu sou como uma espécie de regra três, mas com muito amor, e a cada momento ele também tem muita liberdade comigo, pergunta, consulta, a gente vê as coisas juntos, então está sendo uma experiência muito positiva, até agora eu não sei o que é ficar à toa, se alguém pensasse que eu iria ficar de pijama, não fiquei não”.


Bispo auxiliar de Belém, dom Paulo Andreolli.

Nós ouvimos também o bispo auxiliar de Belém, dom Paulo Andreolli que é o Coordenador Arquidiocesano da Comissão de Preparação e Acompanhamento da COP30).

Dom Andreolli, como está sendo preparar para a Igreja estar presente em um evento como esse?

“É uma honra poder estar presente como Igreja, porque temos muitas coisas para dizer, nosso modo de ver as coisas é a partir da fé. Esta visão é aquela que salva a humanidade, a visão de um Deus que cria, a visão de um Deus que convida a cuidar da obra por ele criada”.

A presença de tantos jornalistas, de tantas delegações, e a presença também popular das pessoas que vestiram, vamos dizer assim, a camisa da COP30.

“É muito bom ver este envolvimento da sociedade civil, de tantas pessoas, revela o interesse por parte de todos sobre este assunto. Esta é uma oportunidade para unificar nossa sociedade, para criar diálogo inter-religioso, diálogo ecumênico, é uma oportunidade única. Que a igreja, que a sociedade tem”.

O que o senhor espera dessa COP30?

Que possamos fazer parte de um processo, que seja semente para cultivar no futuro e colher juntos os frutos”.

Logisticamente, quanto é difícil acolher tanta gente?

“É muito difícil, mas dá muita satisfação também ver a generosidade do povo de Belém e também a rede que se criou em nível nacional para colher este povo e para fazer o melhor para eles”.

Belém será diferente depois da COP30?

Com certeza vai ser melhor, graças a Deus.

FONTE/CRÉDITOS: Silvonei José – Belém
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