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MODA SUSTENTÁVEL: QUANDO O FIM DO MUNDO VIRA ESTILO

Em meio ao excesso de produção e descarte têxtil, consumo de segunda mão e práticas sustentáveis mostram caminhos possíveis para frear danos ambientai

MODA SUSTENTÁVEL: QUANDO O FIM DO MUNDO VIRA ESTILO
Luana de Oliveira / Lauany Gonçalves
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Se o mundo acabar amanhã, pelo menos a gente já sabe o motivo: aquele “look do dia” que custou dez mil litros de água para existir. Não é exagero, ou talvez seja, mas só um pouquinho. Entre toneladas de roupas descartadas por segundo no planeta e coleções novas brotando nas lojas como se fossem plantas carnívoras, a indústria da moda vive seu próprio apocalipse fashion. Mas calma: não precisa sair rasgando suas camisetas em sinal de protesto. Existe saída e, para muitos, ela começa na arara de um brechó.

O brechó como antídoto para o caos

Em Boa Vista, o Brechó Rotação Vintage é referência para quem quer vestir estilo sem vestir culpa ambiental. O sócio do brechó, Thyewry Souza, conta que a ideia surgiu justamente da vontade de dar um novo ciclo às peças.

“A importância desse ato do brechó em si, é dar vida a moda novamente. A uma peça sua que está em casa que você não utiliza mais por algum motivo.”, explica.

E essa decisão faz sentido dentro de um cenário global que preocupa, a indústria da moda é responsável por cerca de 8% das emissões globais de CO₂, além de consumir 79 trilhões de litros de água por ano, segundo a ONU. O setor também gera, anualmente, 92 milhões de toneladas de resíduos têxteis, e apenas 20% das roupas chegam a ser recicladas ou reaproveitadas.

Thyewry conta que sempre gostou de moda, mas que hoje seu objetivo é justamente reduzir o consumo excessivo do fast fashion.

“Sempre gostei de moda, sempre estive por dentro, e queria diminuir um pouco desse consumo excessivo do fast fashion que impacta muito o meio ambiente.”, afirma.

Ou seja: quando alguém compra uma peça usada, está literalmente tirando um peso do planeta.

Fast fashion: o vilão acelerado

Grande parte desse impacto vem do modelo conhecido como fast fashion, produção em massa, rápida e de baixíssimo custo.

Esse sistema funciona assim: coleções novas surgem toda semana, a moda muda em ritmo frenético, e o consumidor é incentivado a substituir roupas que, na prática, ainda estão em ótimo estado.

E o resultado aparece nos números:

  • A cada segundo, o mundo descarta o equivalente a um caminhão de roupas;
  • O consumo de roupas aumentou 60% entre 2000 e 2015;
  • Ao mesmo tempo, o tempo de uso das peças caiu quase pela metade;

A produção têxtil emite mais gases de efeito estufa que aviões comerciais e rotas marítimas internacionais juntos.

É uma lógica de produzir, comprar e descartar, uma engrenagem que não se sustenta num planeta que já dá sinais de esgotamento.

A consultora de moda Bibiana Uchôa explica que os brechós são parte central da chamada “economia circular”, que busca prolongar o ciclo de vida dos produtos.

“O consumidor que faz uso de brechós, a prática também de customização ou upcycling e também práticas como a trocas de roupas, ajuda a reduzir o impacto da indústria têxtil. Hoje nós temos um número de peças no comércio, que já supre 100 anos de vestimenta da sociedade.'', afirma a consultora.  

Escolher uma peça usada em vez de uma nova pode parecer um gesto simples, mas, somado a milhões de pessoas, vira impacto real. Estima-se que, se metade dos consumidores adotasse compras de segunda mão com frequência, a produção global de roupas poderia cair em até 30%.

É menos água, menos CO₂, menos resíduos  e mais consciência.

 

Para Bibiana, atitudes simples já fazem diferença:

  • Trocar roupas com amigos;
  • Customizar peças antigas;
  • Reformar em vez de descartar;
  • Comprar de produtores locais;
  • Priorizar brechós e lojas sustentáveis.
  • Pequenos gestos, grande impacto

O futuro da moda passa pelo reaproveitamento, pelo consumo responsável e pela criatividade de transformar o que já existe. No fim das contas, talvez o mundo não acabe amanhã. Mas, se acabar, dá para dizer que fizemos nossa parte  e ainda com muito estilo.

Por aqui, no Brasil, a produção têxtil gera cerca de 175 mil toneladas de resíduos por ano, mas apenas uma fração é reaproveitada. E não é só questão de descarte: a fabricação dessas roupas demanda recursos pesados, por exemplo, fibras sintéticas como poliéster dependem de petróleo e demoram centenas de anos para se degradar.

Embora não haja dados públicos específicos recentes sobre o volume de resíduos têxteis gerados em Roraima ou especificamente na Região Norte, o panorama nacional já é alarmante, mas movimentos locais de brechós, como a exemplo do Rotação Vintage, se insere justamente nesse esforço de reduzir esse impacto. 

No fim das contas, talvez o mundo não acabe amanhã. Mas, se acabar (ou mesmo se não), dá para dizer que fizemos nossa parte e ainda com muito estilo.

FONTE/CRÉDITOS: Luana de Oliveira
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