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Roraima Entre Lixões Abertos e Iniciativas que Tentam Evitar o Colapso

Episódio final mostra os impactos da má destinação do lixo em Roraima e destaca iniciativas que buscam transformar a realidade da reciclagem no estado

Roraima Entre Lixões Abertos e Iniciativas que Tentam Evitar o Colapso
Luana de Oliveira / Ewerton Souza
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Se o mundo acabasse amanhã, talvez o aviso não viesse do céu mas do chão. De montanhas de lixo que crescem todos os dias, de rios sufocados por plástico e de cidades que lutam para respirar. Essa é a atmosfera que abre o último episódio da série Pauta COP, encerrando a produção com uma reflexão urgente sobre o futuro do planeta e, especialmente, sobre o destino dos resíduos em Roraima.

No Brasil, mais de 80 milhões de toneladas de resíduos são geradas todos os anos. Em Roraima, grande parte ainda segue para aterros sanitários e até para lixões a céu aberto. Enquanto a crise avança silenciosamente, há quem esteja na linha de frente segurando o futuro com as próprias mãos: os catadores.

Cata Tudo: onde o futuro sustentável começa com quem vive da reciclagem

 

Em Caracaraí, a equipe do Pauta COP visitou a Cata Tudo – Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Roraima, onde o que muitos chamam de lixo vira sustento, cuidado ambiental e esperança. O movimento começa no galpão: triagem, seleção por categorias, pesagem, prensagem e formação de fardos que voltam para a cadeia produtiva.

O Brasil produz mais de 82 milhões de toneladas de resíduos por ano, mas somente 4% é reciclado. Na Região Norte, esse percentual é ainda menor: menos de 2% retorna para a economia. Isso revela a força e a importância dos catadores, responsáveis por mais de 90% de todo o material reciclado no país.

Em Roraima, cerca de 750 toneladas de lixo são produzidas diariamente e menos de 1% é reciclado. Na Cata Tudo, boa parte desse trabalho acontece na base, manualmente, com esforço e organização.

Para entender como esse trabalho funciona na prática, Radijah de Mesquita, tesoureira da Cata Tudo, explica a rotina dos catadores, como a associação surgiu e qual o impacto real da reciclagem na preservação ambiental. 

''Nosso trabalho funciona com a coleta seletiva, nós recolhemos papelões, plásticos, latinha, ferros, entre outros materiais. Também fazemos essa coleta tanto nas ruas, quanto por meio de parcerias com comerciantes locais'', destaca.

Radijah também destacou a presença do presidente da Cata Tudo, Carlos Magno, na Cop30.

 

''Nosso presidente está nos representando, mostrando o trabalho que fazemos aqui. E estamos felizes porque sabemos que ele vai voltar com mais ideias para melhorar nosso trabalho'', afirma Radijah.

A crise dos resíduos em Roraima: entre os lixões e a falta de estrutura

Além do retrato humano, o episódio também traz um diagnóstico técnico sobre a situação dos resíduos sólidos em Roraima. O engenheiro sanitário Rogério Martins, da Femarh, traz um panorama claro e preocupante.

''A lei estabelece que a gestão dos resíduos sólidos é de competência dos municípios, e no estado de Roraima temos um agravante preocupante, porque nós não temos um aterro sanitário. Temos aterro controlado aqui em Boa Vista e nos interiores temos lixões a céu aberto'', afirma o engenheiro. 

Apesar desse problema, Rogério destaca a importância de começar esse trabalho em casa. 

''É importante começar a coleta seletiva em casa e passar essa prática para a comunidade, na sua rua, para a família e amigos. É uma prática inicial que faz toda a diferença'', afirma.

Dados recentes mostram que:

  • 31,9% dos municípios brasileiros ainda usam lixões.

  • Na Região Norte, o índice é ainda pior: 73,8% dos municípios mantêm áreas irregulares.

  • Em Roraima, estimativas apontam que cerca de 85% dos municípios ainda descartam lixo de forma inadequada.

Além disso, estudos apontam problemas no aterro de Boa Vista, que opera no limite de sua capacidade, e vulnerabilidades em municípios do interior onde o lixo ainda é depositado sem qualquer controle ambiental.

Um simples gesto que é separar o lixo corretamente, poderia mudar o panorama ambiental do estado. Se cada morador de Roraima separasse apenas meio quilo de recicláveis por dia, quase 300 toneladas por semana retornariam ao ciclo produtivo.

Enquanto isso não acontece, o estado desperdiça valor econômico e agrava seus impactos ambientais.

Muito se fala sobre metas internacionais e mudanças climáticas, mas a transformação real começa na prática, nos galpões como o da Cata Tudo e nas escolhas diárias de cada cidadão.

 

Um fim que abre caminho para o começo

Depois de semanas conhecendo iniciativas que transformam realidades e fortalecem a pauta socioambiental, a Pauta COP se despede reforçando um chamado: o futuro que queremos depende do jeito como lidamos com o presente inclusive com o que jogamos fora.

O episódio final não fecha apenas uma série. Ele abre um convite. Um convite para repensar hábitos, apoiar quem faz a reciclagem acontecer e cobrar soluções para que Roraima avance, de fato, rumo a uma economia circular mais justa, mais sustentável e mais humana.

FONTE/CRÉDITOS: Luana de Oliveira
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