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Indígenas de Roraima levam voz à Pré-COP da Amazônia e assinam manifesto

Evento em Brasília reuniu representantes indígenas e quilombolas para alinhar estratégias rumo à COP30 e cobrar compromissos concretos de financiadore

Indígenas de Roraima levam voz à Pré-COP da Amazônia e assinam manifesto
ASCOM/CIR
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Durante três dias de intensos debates e articulações, a Rede de Fundos Comunitários da Amazônia encerrou sua Pré-COP com um ato político simbólico e a leitura da carta-manifesto que será levada à Conferência das Partes (COP30), marcada para novembro no Brasil. O encontro, que ocorreu entre os dias 27 e 29 de agosto, na capital federal, reuniu lideranças indígenas, quilombolas, apoiadores da filantropia e representantes do governo.

Entre os participantes, esteve o Fundo Indígena Rutî, uma iniciativa do Conselho Indígena de Roraima (CIR), que participou com uma delegação liderada por sua coordenadora Josimara Baré, acompanhada do vice-tuxaua geral Paulo Ricardo, da secretária executiva Samara Juscilene e da jornalista Helena Leocádio.

Josimara ressaltou o papel da Pré-COP na consolidação política da Rede e na construção de um diálogo direto com financiadores e agentes institucionais.

''Este é um momento muito importante da união coletiva dos nove fundos membros da rede. Recebemos convidados do governo, da cooperação internacional, da filantropia, e estamos aqui para afirmar compromissos e buscar respostas concretas em vista da COP30'', afirmou Baré.

O evento serviu como espaço de incidência política, onde os fundos comunitários apresentaram suas demandas para garantir protagonismo dos povos tradicionais nas decisões que impactam seus territórios e modos de vida. Durante o ato político, o vice-tuxaua geral do CIR, Paulo Ricardo, emocionou os presentes ao relembrar a trajetória histórica da organização e das lutas travadas por lideranças indígenas ao longo de 54 anos.

O Fundo Rutî vem dessa essência de luta. Ele nasce para dar autonomia às famílias indígenas, com a responsabilidade de manter viva a resistência em defesa dos territórios e dos direitos indígenas, que continuam sendo atacados no Congresso Nacional e até mesmo no Supremo Tribunal Federal'', destacou Paulo.

A culminância do evento foi a leitura pública da carta-manifesto da Rede de Fundos Comunitários da Amazônia, construída de forma coletiva e representativa. O documento elenca sete eixos estratégicos que serão levados à COP30: financiamento direto e autônomo; regularização fundiária e proteção territorial; valorização dos saberes tradicionais; adequação de procedimentos administrativos e financeiros; proteção da vida; centralidade das mulheres e da juventude; e coerência das políticas governamentais.

O trecho final da carta faz um apelo contundente pela inclusão efetiva dos povos da Amazônia nos processos decisórios internacionais relacionados ao clima:

“Por fim, reafirmamos a exigência de participação plena e com poder de decisão dos povos da Amazônia em todos os níveis da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudança do Clima, assegurando que suas demandas e propostas tenham efeito real nas políticas nacionais e internacionais. O planeta não pode esperar pela ação de outros. Nossos territórios, nossas lideranças, nossos saberes são parte da solução. Por nossos modos de vida e pelas gerações futuras, A RESPOSTA SOMOS NÓS!”

A carta será encaminhada a autoridades, parceiros institucionais e doadores como posicionamento oficial da Rede frente à agenda climática global.

A Pré-COP foi promovida pela Rede de Fundos Comunitários da Amazônia, em parceria com a Ação Social Franciscana (SEFRA) e com apoio de organizações como The Tenure Facility, Porticus e Rights and Resources Initiative (RRI).

Participaram do encontro representantes dos nove fundos que compõem a Rede: Fundo Dema, Fundo Podáali, Fundo Rutî, Fundo do Rio Negro, Fundo Mizzi Dudu, Fundo Luzia Dorothy do Espírito Santo, Fundo Babaçu, Fundo Puxirum e Fundo Timbira.

Com a carta-manifesto nas mãos e os territórios na mente, os povos da Amazônia seguem rumo à COP30 com uma mensagem clara: não há justiça climática sem justiça territorial.

FONTE/CRÉDITOS: Luana de Oliveira
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