A I Semana Alusiva à Luta Antimanicomial começou nesta segunda-feira (19), em Roraima, com a abertura de uma exposição de artes produzidas por pacientes dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps III e Caps AD III). A mostra reúne trabalhos de pintura, crochê e artesanato desenvolvidos durante oficinas terapêuticas realizadas nas unidades.

A iniciativa destaca o papel da arte como ferramenta de reabilitação psicossocial e de inclusão social para pessoas em sofrimento psíquico ou em tratamento por uso abusivo de álcool e outras drogas.

De acordo com a diretora do Caps AD III, Doriane Santos, a proposta da exposição vai além da exibição de talentos artísticos. Ela simboliza uma abordagem mais humanizada no tratamento da saúde mental.

“Defendemos que pessoas em sofrimento psíquico ou com uso abusivo de substâncias não devem ser excluídas da sociedade. Elas têm direitos e precisam ser incluídas, e não aprisionadas em manicômios ou hospitais psiquiátricos. Os Caps vieram para mostrar que é possível construir um cuidado mais humanizado”, afirmou.

Arte como forma de expressão e superação

A exposição também contou com a presença dos próprios pacientes, que compartilharam suas experiências. Maria Angelita Freire Nunes, de 54 anos, participa das oficinas há quatro meses e encontrou no crochê uma forma de expressão e fonte de renda.

“Eu já sabia fazer crochê, mas não era aperfeiçoado. Agora já faço bolsas, tapetes. Isso me ajudou muito, porque eu sofria com crises de ansiedade e depressão. Depois que meu esposo me trouxe para o Caps, comecei a melhorar com o tratamento e essa atividade me mantém ativa”, contou.

A mostra tem como objetivo promover a autonomia dos usuários dos Caps, estimulando habilidades manuais e criativas, fortalecendo vínculos sociais e contribuindo para a reintegração à sociedade.

A estudante de Terapia Ocupacional Iully Alves Raposo, do Claretiano, visitou a exposição e elogiou a iniciativa.

“Acho extraordinário esse tipo de oficina. É uma forma de estimular a criatividade dos usuários e também uma ferramenta importante para a reinserção social”, avaliou.

Programação segue até o dia 23

A programação da I Semana Alusiva à Luta Antimanicomial segue até o dia 23 de maio e inclui oficinas culturais, assembleias, rodas de conversa, debates e uma caminhada em defesa do cuidado em liberdade para pessoas em sofrimento psíquico.

O evento é parte de uma mobilização nacional pela valorização de práticas antimanicomiais e de saúde mental comunitária, baseadas em direitos humanos e no respeito à dignidade dos pacientes.