Há um ano, o Papa Francisco proclamava santo o sacerdote piemontês José Allamano durante uma solene celebração no Vaticano, no Dia Mundial das Missões, recordando sua vida dedicada à evangelização e sua profunda atenção aos povos mais vulneráveis. Hoje, em diversas partes do mundo, os missionários e missionárias da Consolata renovam o compromisso de viver e difundir o carisma do Fundador, definido pelo Postulador como “uma lâmpada acesa que não deve ser colocada debaixo do alqueire”.
“Mesmo sem vê-lo nesta terra, pudemos entrar em plena sintonia com ele, pondo em prática o carisma que nos deu e vivendo como ele ensinou”, escreveu padre Makau na mensagem oficial divulgada em Roma, em 14 de outubro. “O povo de Deus ficará feliz por se tornar discípulo do nosso Fundador, sábio mestre de oração.”
Conhecido por seu equilíbrio entre contemplação e ação, Allamano foi lembrado como “homem de profunda vida interior” e “mestre de oração”. O Postulador recorda uma frase do santo: “Quero rezar muito e bem”, sublinhando que o missionário é chamado a “crescer no espírito de oração” e a deixar-se transformar pela fé vivida no cotidiano.
Por isso, o Secretariado da Postulação convidou comunidades e fiéis em todo o mundo a celebrar o aniversário “com solenidade”, promovendo momentos de oração, adoração e partilha. A proposta é renovar o testemunho missionário e tornar mais conhecida a pedagogia espiritual de Allamano, marcada por um amor especial à Eucaristia e à Virgem Maria, Nossa Senhora da Consolata.
Do milagre amazônico à santidade universal
A canonização de Allamano, realizada em 20 de outubro de 2024, teve um profundo significado para o Brasil. O milagre reconhecido pelo Vaticano ocorreu entre os povos Yanomami, na Missão Catrimani, em Roraima — um território de presença histórica dos Missionários e Missionárias da Consolata desde 1965. A cura milagrosa do indígena Sorino Yanomami, após o ataque de uma onça, foi atribuída à intercessão de Allamano e reconhecida pela Igreja como sinal de sua santidade.
Na homilia da canonização, o Papa Francisco destacou o testemunho missionário do novo santo e fez um apelo direto às autoridades brasileiras:
“A canonização do Beato José Allamano recorda-nos a necessária atenção às populações mais frágeis e vulneráveis. Penso, em particular, no povo Yanomami... Que sejam garantidos seus direitos e a proteção de seus territórios.”
Um legado que inspira o futuro
O bispo de Roraima, dom Evaristo Spengler, presente no Vaticano na canonização, reafirmou na ocasião que “a Missão Catrimani é um bem e um privilégio para a Igreja de Roraima”. Essa herança missionária, enraizada no respeito à vida e à diversidade dos povos, tornou-se símbolo da atuação consolata em defesa da Casa Comum.
Hoje, um ano após ser elevado aos altares, São José Allamano é celebrado não apenas como fundador, mas como modelo de oração, serviço e interculturalidade, cuja vida e ensinamentos seguem inspirando missionários e leigos em todo o mundo.
“Que este primeiro aniversário da canonização do nosso Fundador seja para nós um impulso de renovação espiritual, segundo a identidade e as exigências da nossa vocação missionária”, conclui o padre Jonah Makau.
Mensagem completa do Postulador, padre Jonah M. Makau
PRIMEIRO ANIVERSÁRIO DA CANONIZAÇÃO DO NOSSO FUNDADOR SÃO JOSÉ ALLAMANO
Aos Missionários da Consolata
Queridos Irmãos
Está próximo o primeiro aniversário da canonização do nosso Fundador São José Allamano, celebrada a 20 de outubro de 2024. Daqui a dias, teremos a oportunidade de recordar o glorioso acontecimento através do qual o nosso Fundador foi declarado ao povo de Deus como digno de veneração universal por parte de toda a Igreja. Como sabeis, a canonização não é apenas o ato da criação de um santo, mas sim um reconhecimento de que a pessoa já está na presença de Deus e serve de modelo de santidade para os fiéis imitarem. Isso aponta para o objetivo desta mensagem.
Cremos que São José Allamano é uma lâmpada acesa, que não deve ser colocada debaixo do alqueire, mas no candelabro, para que possa brilhar na Igreja assim como brilhou para nós no Instituto. Mesmo sem vê-lo nesta terra, pudemos entrar em plena sintonia com ele, pondo em prática o carisma que nos deu e vivendo como ele ensinou. Agora, graças a Deus, podemos dizer que o conhecemos bem e que somos capazes de difundir a sua mensagem dum modo genuíno. Estando convencidos de que o povo de Deus tem o direito de conhecer cada vez melhor os modelos de santidade que Deus prepara, temos o dever de tornar conhecida e amada a vida e os ensinamentos do nosso Fundador. Não devemos, portanto, reservar essa luz apenas para nós mesmos, nem mantê-la escondida dentro dos nossos Institutos. É isso que o evangelho nos convida a fazer quando diz: "Que a vossa luz brilhe diante dos homens". (Mateus 5:16)
O nosso Fundador era um homem de profunda vida interior, um mestre de oração, que além de seu serviço ao povo de Deus no Santuário da Consolata, também passava longas horas em adoração. É por isso que muitas vezes ele disse que não era suficiente rezar – um missionário tinha de crescer no espírito de oração. De facto, às resoluções dos exercícios espirituais que ele estava dando, uma vez ele acrescentou: "Quero rezar muito e bem" (Conf. IMC, III, 611). Nisto viveu a experiência de Jesus, que se retirava para lugares solitários para rezar e nos ensinar a «rezar sempre, sem nunca desistir» (Lc 18, 1). O nosso Fundador no céu é um intercessor junto a Deus por aqueles que o invocam. Continuemos orando a Deus por intercessão de São José Allamano.
O Secretariado da Postulação convida-nos a celebrar solenemente e, onde for possível, a encorajar a participação do povo de Deus. Renovemos a tradição de recordar o testemunho da sua vida, do seu ensinamento e das suas intuições missionárias. Tornemos também conhecida entre o povo de Deus a pedagogia do nosso Fundador sobre a oração, além dos seus "amores", que incluíam a Eucaristia e a Bem-Aventurada Virgem Maria (Nossa Senhora da Consolata). O povo de Deus ficará feliz por se tornar discípulo do nosso Fundador, sábio mestre de oração.
Que este primeiro aniversário da canonização do nosso Fundador seja para nós um impulso de renovação espiritual, segundo a identidade e as exigências da nossa vocação missionária, enriquecida pelo nosso carisma. A vida espiritual desejada pelo nosso Fundador, alimentada por uma sólida piedade eucarística e expressa num caloroso e sincero espírito de família, seja para nós o fogo que abrasa o nosso compromisso missionário pela salvação de todos.
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