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Famílias celebram reconhecimento de vínculos com ação Meu Pai Tem Nome

Quarta edição da campanha nacional Meu Pai Tem Nome registrou 237 atendimentos em Boa Vista, em um único dia, incluindo 28 exames de DNA.

Famílias celebram reconhecimento de vínculos com ação Meu Pai Tem Nome
ASCOM DPE-RR
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No dia em que completou 33 anos, Alessandro Trajano Peixoto recebeu um presente inesquecível: ser reconhecido oficialmente como filho “do coração” por Edison Alves Falcão, o padrasto que o criou desde os nove meses de vida. A assinatura do documento apenas confirmou o laço construído ao longo de três décadas de convivência, amor e cuidado.

“Eu sempre tive essa vontade de colocá-lo como filho do meu esposo, mas o tempo foi passando. Hoje vejo que tudo acontece no tempo de Deus. É um grande presente para nós”, contou emocionada a mãe, Aldenora Peixoto.

Para Alessandro, a oficialização foi a realização de um sonho. “Eu não imaginava que hoje teria esse presente. Sei que ele nunca desistiu de mim, e por isso eu também não desisti de esperar por esse momento. É o melhor presente que eu poderia ganhar”, disse.

O agora pai socioafetivo, Edison Alves Falcão, emocionou-se ao falar sobre sua missão. “Para mim é uma emoção muito grande. Não é o bem material que importa, é mostrar o caminho, o amor, a misericórdia de Deus. Hoje eu me sinto muito alegre, porque oficializamos o que sempre existiu entre nós”, afirmou.

A história da família de Alessandro foi uma das centenas que marcaram o Dia D da campanha Meu Pai Tem Nome, realizado neste sábado (16) em Boa Vista. A iniciativa, que está em sua quarta edição, é promovida pelas Defensorias Públicas Estaduais e do Distrito Federal, em parceria com o Conselho Nacional das Defensoras e Defensores Públicos-Gerais (Condege). Em Roraima, a ação mobilizou mais de 150 servidores e voluntários, com atendimentos na capital, no interior, em formato online e no sistema prisional.

Somente neste sábado, foram realizados 237 atendimentos, incluindo 28 exames de DNA. A jovem Júlia Gomes, de 17 anos, também teve sua história oficializada na ação. Criada desde os cinco anos por José Maria Gomes, ela disse viver um sonho.
“Não tive meu pai biológico presente, mas Deus colocou meu pai socioafetivo na minha vida. Ele sempre cuidou de mim, me educou e me apoiou. Poder ter o nome dele na minha certidão é algo muito importante para mim”, afirmou.

José Maria se emocionou ao ver a filha recebendo seu sobrenome. “Ser pai não é só biologia. É carinho, educação e presença. Para mim é uma honra muito grande ver ela ostentando meu nome. Ela é minha filha de verdade”, disse.

Além do reconhecimento paterno, mães “do coração” também puderam incluir seus nomes na certidão de seus filhos. Este foi o caso de Tâmara Oliveira Vieira com Luiz Fernando, hoje com 21 anos. Ela o conheceu ainda criança, quando teve um relacionamento com o pai dele. Assim, o alfabetizou, cuidou e, após ele completar 18 anos, o recebeu em sua casa. Três anos depois, a mãe e o filho oficializaram o que já existia no coração.  “Eu sempre o vi como meu filho, e hoje oficializar isso é a realização de um sonho”, disse Tâmara.

Tâmara ficou sabendo do mutirão durante uma atividade de divulgação da DPE em uma escola. A intenção era fazer uma surpresa, mas como a certidão de Luiz Fernando é de outro estado, precisou antecipar a notícia. Mas mesmo sabendo do que se tratava, o jovem não conteve a emoção. “Ela sempre foi minha mãe de verdade. Hoje eu vou colocar isso no papel. É um sonho realizado”.

Além das histórias de famílias atendidas, o Dia D da campanha também foi marcado pelo alcance da mobilização em Roraima. Mais de mil pessoas estiveram na Defensoria ao longo do dia. O subdefensor-geral, Natanael Ferreira, destacou o caráter nacional do projeto e o recorde de atendimentos alcançado no estado.

“É importante destacar que esse é um esforço nacional, todas as Defensorias do Brasil hoje culminaram nesse evento de reconhecimento da paternidade. A Defensoria Pública de Roraima bateu um novo recorde em número de atendimentos, com mais de mil pessoas alcançadas e mais de 500 casos atendidos ao longo da semana. Essa ação é muito importante porque impacta diretamente na vida das pessoas, ampliando a rede de proteção familiar e ajudando na construção da personalidade de cada criança”, disse.

A coordenadora da campanha no estado, defensora pública Christianne Leite, reforçou a produtividade do dia e o impacto social das histórias registradas.

“Nós realizamos 237 atendimentos, dos quais 152 foram finalizados em acordos ou em ação litigiosa. Também fizemos 28 exames de DNA. Foi um dia de muito trabalho e emoção, com várias pessoas chegando sem agendamento e sendo atendidas. Muitas histórias marcaram essa edição, especialmente os casos de reconhecimento socioafetivo. Foi muito emocionante para todos nós”, afirmou.

O defensor público-geral, Oleno Matos, destaca a importância da iniciativa diante da realidade de Roraima e do Brasil. “O estado e o país ainda têm um número muito grande de registros sem o nome do pai, o que traz sérios problemas e priva a pessoa de um direito básico. Em um único dia de campanha, conseguimos atender aproximadamente 30% daquelas pessoas que em um ano ficariam sem esse reconhecimento. Temos casos que chegam a três gerações sendo atendidas juntas. O Meu Pai Tem Nome é uma ação que muda vidas e que se tornou permanente, espalhando-se pelo Brasil inteiro”, complementou.

A promotora de Justiça Renata Borici Nardi falou da missão conjunta entre Defensoria, Justiça e Ministério Público.

“O nosso papel é assegurar que o reconhecimento aconteça de forma legítima, garantindo que a criança esteja inserida em um meio familiar adequado. Hoje não falamos apenas de reconhecimento biológico, mas também de socioafetivo, o que torna a ação ainda mais emocionante. Ver esses registros se concretizando e trazendo felicidade às famílias é algo muito gratificante”, explicou.

Já a juíza titular da Vara da Justiça Itinerante, Graciette Sotto Mayor, ressaltou a relevância da iniciativa em um estado com altos índices de registros sem o nome paterno.

“O reconhecimento do pai, seja biológico ou afetivo, faz parte das raízes e da identidade de cada pessoa. Em Roraima, infelizmente, muitos registros ainda são feitos sem o nome do pai. O projeto Meu Pai Tem Nome ajuda a mudar esse cenário e leva cidadania para todos os lugares. Mais do que um dia de atendimentos, é uma ação que conscientiza a população de que esse serviço está disponível o ano inteiro”, concluiu
SERVIÇO PERMANENTE: O reconhecimento de paternidade ou maternidade, biológica e socioafetiva, é um serviço permanente da Defensoria Pública de Roraima. A população pode procurar atendimento em uma das unidades da instituição na capital e no interior ou enviar mensagem pelo WhatsApp DIVA (95) 2121-0264.

FONTE/CRÉDITOS: ASCOM DPE-RR
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