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Programa da ALERR vira exemplo de política pública de inclusão

Iniciativa da Assembleia Legislativa de Roraima atende pessoas com transtorno do neurodesenvolvimento.

Programa da ALERR vira exemplo de política pública de inclusão
SupCom ALERR – Marley Lima
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“Eu fui para o lago do Robertinho com a mamãe. Eu gostei de tomar banho na praia. Fui de ônibus. Me diverti e brinquei com meus amigos de guerra de água. Gostei muito”. O depoimento é de Ramsés Rodrigues, adolescente de 16 anos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), atendido pelo Centro de Acolhimento ao Autista (Teamarr), vinculado ao Programa de Atendimento Comunitário da Assembleia Legislativa de Roraima (ALERR).

O programa da ALERR tornou-se um exemplo de como é possível implementar políticas públicas de inclusão social em favor das pessoas atípicas. O relato de Ramsés se refere a um passeio para um ponto turístico de Roraima promovido pelo Teamarr, como parte do Projeto Turistea - Turismo Inclusivo, criado com o intuito de levar os atendidos para visitações em diferentes pontos do estado. A atividade tem como objetivo desenvolver habilidades sensoriais e interação social.

Esta reportagem faz parte da campanha “Sente, Cuida e Faz”, uma iniciativa do Parlamento Estadual que traduz o papel humanizado e transformador na vida da população roraimense por meio de leis e programas sociais. O conceito resume a atuação da Casa nos últimos anos: sentir as necessidades da população por meio da escuta ativa, cuidar da sociedade por meio de programas sociais e fazer a diferença na vida das pessoas com ações concretas e resultados visíveis.

A Assembleia Legislativa conta atualmente com 10 programas permanentes: Centro de Convivência da Juventude (CCJuv); Escola do Legislativo (Escolegis); Secretaria Especial da Mulher, onde estão inseridos o Centro Humanitário de Apoio à Mulher (Chame) e o Centro Reflexivo Reconstruir; Programa de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania; Programa Fiscaliza; Procon Assembleia; Centro de Apoio aos Municípios (CAM); Programa de Atendimento Comunitário com o Centro de Acolhimento ao Autista - Teamarr; Centro de Inovação e Empreendedorismo (Inovem); e Programa de Bem-Estar Animal.

Conhecer para incluir

O Teamarr é um programa da Casa com enorme abrangência social e de impacto significativo na vida de centenas de famílias. Hoje, são ao menos sete especialidades oferecidas às crianças e adolescentes: nutricionista, pedagogia, psicopedagogia, fonoaudiologia, educação física, psicologia, fisioterapia, neuropsicologia, além dos grupos de habilidades sociais, emocionais e funcionais, como de aulas de taekwondo e contação de histórias. Já foram mais de 980 atendimentos desde que foi criado pela Assembleia Legislativa. As equipes também capacitaram mais de 2 mil pessoas em sete cidades roraimenses.

Crianças e adolescentes que chegam com laudo médico atestando alguma condição atípica do neurodesenvolvimento são avaliados pelas equipes e encaminhados para as especialidades necessárias. As famílias que não possuem laudo são acompanhadas por profissionais do centro para que haja um auxílio no diagnóstico. Os pais, por exemplo, recebem atendimento psicoterápico. Já foram 65 consultas realizadas.

Para o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Soldado Sampaio (Republicanos), o projeto é outro passo importante para as políticas públicas de inclusão. Segundo ele, o Centro de Acolhimento ao Autista tem mostrado que é possível promover acolhimento humanizado não apenas para as pessoas com transtorno do neurodesenvolvimento, mas para as famílias que encontram no Poder Legislativo o suporte necessário para entender e lidar com as diferenças.

“O Teamarr vem implementando atividades há anos, como o concurso de redação nas escolas, que trouxe para o ambiente escolar a necessidade de debater a inclusão social, discutir o autismo e aquilo que pode ser colocado em prática para combater o preconceito e acolher quem precisa. Quando uma família recebe o diagnóstico, muitas vezes não sabe o que fazer, a quem procurar, e o Centro de Acolhimento ao Autista atua com todo esse suporte para que as famílias sejam instruídas e acolhidas com dignidade e respeito. E mais do que isso: todo esse conhecimento tem sido levado para outros ambientes, o que é primordial para uma sociedade mais inclusiva”, enfatiza Sampaio.

Para a deputada Angela Águida Portella (Progressitas), presidente do Programa de Atendimento Comunitário da Casa Legislativa, as atividades desenvolvidas no projeto são extremamente importantes para o desenvolvimento de habilidades sensoriais dos atendidos pelo Centro de Acolhimento ao Autista.

“O Teamarr desempenha um papel importante no acolhimento humanizado de crianças e adolescentes em Roraima. Nos últimos anos, focamos em capacitar profissionais e familiares, ir até as escolas, ouvir as pessoas, levar conhecimento à sociedade para que, dessa forma, quem tem transtorno do neurodesenvolvimento possa ser acolhido, ouvido, enxergado e contemplado por políticas públicas que reforcem a inclusão social. A Casa tem, portanto, um programa que olha de maneira transversal para esse público e atua incisivamente para que ele seja beneficiado”, disse Angela Águida Portella.

Projeto que virou exemplo

Entre as iniciativas do Teamarr, está o projeto Turistea, que leva os assistidos a pontos turísticos do Estado de Roraima. Foram realizados diversos passeios, beneficiando mais de 300 pessoas, como as visitas ao Lago do Robertinho, Bosque dos Papagaios, um tour pela capital Boa Vista e uma ida a uma plantação de açaí.

A mãe de Ramsés, o adolescente que deu início a esta reportagem, a professora Suzete Rodrigues, lembra que conheceu o trabalho do Teamarr após uma palestra na Escola Estadual Euclides da Cunha, onde trabalha. Depois de ser cadastrado no centro, o adolescente foi contemplado com fonoaudiologia, especialidade da qual recebeu alta depois de um excelente progresso. Atualmente, o filho está sendo acompanhado na psicopedagogia para tratar a seletividade alimentar e participa do grupo de habilidades emocionais.

“Ele era muito fechado, tímido, não gostava de socializar muito. Com o trabalho da fonoaudióloga, ele melhorou a mastigação, a questão da fala, da socialização, hoje fala com todos, consegue dar um bom dia, consegue manter contato visual com quem está falando. Esse programa é importante para dar suporte para nós, pais, que temos dificuldade de acessar nos sistemas público e privado a terapia ocupacional, por exemplo, e aqui conseguimos de forma gratuita. Sobre os passeios, ele gostou de todos. Foi conversando no ônibus, ele gosta de água, tinha pessoal de apoio, toda uma equipe preparada. Um turismo inclusivo, o que faz toda a diferença”, relembra a mãe.

Capacitações, visitas técnicas e mais passeios

Além de criar experiências turísticas seguras, acessíveis e educativas, o projeto capacita profissionais e estudantes de turismo, como forma de prepará-los para o atendimento de pessoas com o transtorno do espectro autista ou outras condições do neurodesenvolvimento. Já foram capacitadas mais de 60 pessoas e realizadas visitas técnicas a regiões turísticas, como a Trilha Zé de Naná. O projeto conta ainda com 20 parceiros, incluindo guias independentes e empresas do setor turístico.

O projeto Turistea, que valoriza o patrimônio histórico e natural de Roraima, foi apresentado na 2ª Edição do Feirão do Turismo 2025: Conheça o Brasil, em São Paulo (SP), em agosto deste ano. O evento, promovido pelo Ministério do Turismo, foi uma oportunidade de mostrar para empresas e instituições públicas que é possível fazer turismo inclusivo.

“É um projeto crucial para desenvolver as habilidades de interação dos nossos atendidos. O Turistea atende crianças e adolescentes atendidos no Centro de Acolhimento ao Autista. E cada passeio exige uma habilidade. Por isso, alguns podem participar de um passeio e outros não. O que sempre buscamos é ampliar nossos passeios para que todos os públicos possam participar. Ano passado, quando começamos, iniciamos com a faixa etária de 9 a 18 anos. E esse ano vamos atender os menores, de 4 e 5 anos, para que tenham esses momentos externos de passeios”, revelou a coordenadora da iniciativa e psicopedagoga, Jane Lira.

FONTE/CRÉDITOS: SupCom ALERR – Josué Ferreira
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