Com enredos repletos de emoção, representatividade e mensagens sobre a realidade social e cultural brasileira, seis grupos brilharam no tablado e encantaram o público na segunda noite do concurso de quadrilhas do Boa Vista Junina 2025. As apresentações dessa quarta-feira, 4, levaram à Arena Junina uma verdadeira celebração da cultura popular, explorando temas como resistência, fé, esperança e crítica social.
“Os grupos de quadrilhas apresentam uma variedade de temas no tablado. Essa é uma parte muito educativa, porque muitas vezes o público na arquibancada não conhece certos assuntos. E aí, ao ver esses temas retratados de forma lúdica e criativa, as pessoas começam a entender e se interessar mais pelo que está sendo mostrado”, explicou Chiquinho Santos, diretor do concurso de quadrilhas.
Grupo de Acesso: Histórias de resistência, amor e tradição marcam as apresentações
A primeira a subir ao tablado foi a Quadrilha Coração Alegre, da comunidade Sucuba do município de Alto Alegre. Nem mesmo o atraso e os problemas técnicos enfrentados, tirou o brilho e a alegria do grupo, que fez questão de deixar ao público a mensagem do tema “Brado de um povo guerreiro”.
Com 24 casais em cena, a apresentação exaltou a luta e a resistência dos povos indígenas na defesa e preservação de suas tradições e territórios. “Tivemos alguns problemas, mas a quadrilha não poderia deixar de se apresentar em respeito aos brincantes e todos os envolvidos. Ensaiamos de baixo de sol e chuva e queríamos fazer essa homenagem aos povos indígenas originários”, disse o animador Zé Filho, que estava caracterizado de pajé.
Na sequência, a Quadrilha Sinhá Benta levou 20 casais para apresentação do tema “Quilombo”, uma emocionante história de amor e libertação entre uma mulher escravizada e o filho do senhor da fazenda. Juntos, sonhavam com um refúgio de liberdade e esperança.
“Buscamos trazer uma mensagem ao público, que as religiões de matrizes africanas precisam ser respeitadas, independente de suas crenças e sem intolerância religiosa”, disse o animador da Sinhá Benta, Max Reis.
Fechando as apresentações do Grupo de Acesso, a Matuta Encantá levou ao público o tema “Um amor a seguir, o começo de uma nova história”, inspirada na trajetória de Anita e Giuseppe Garibaldi. Com 16 casais, a quadrilha homenageou a cultura gaúcha, unindo fé, coragem e tradição em um espetáculo cheio de emoção.
O grupo levou a cavalaria em homenagem aos festejos de Farroupilha que acontecem no CTG, em Boa Vista. Relembrou também as fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul, em julho de 2024. Carregando a bandeira do povo gaúcho, o grupo mostrou a união de uma nação em um esforço coletivo pela reconstrução.
Grupo Especial: Quadrilhas levam reflexões sobre liberdade, superação e crítica social
A Escola Forrozão emocionou o público com o tema “Asas da Liberdade”, que retratou a saga de Papillon — um homem condenado injustamente, que enfrentou os horrores de uma prisão de segurança máxima, e lutou por sua liberdade em uma jornada de coragem e redenção. Os 29 casais encantaram ao simbolizar, por meio da figura da borboleta, representada em tons de azul, lilás, rosa e laranja, a força transformadora da liberdade diante da injustiça.
Já a Quadrilha Garranxê emocionou o público com o enredo “A Lágrima que Floresce”, onde retratou a maior seca da história do Nordeste, ocorrida em 1997. Com 54 casais em cena, o grupo levou à arena uma representação comovente da dor causada pela escassez de água e alimento, uma realidade que levou muitos à morte.
O espetáculo teve início com os quadrilheiros simbolizando a seca nordestina: rostos marcados pela sede e corpos exaustos clamando por um simples copo d’água. Em meio à tristeza, surge a Rainha da quadrilha, trazendo consigo a chuva e a esperança de dias melhores para o povo nordestino. O grupo demonstrou a importância da preservação ambiental e do cuidado com os recursos naturais.
Encerrando a noite, a Quadrilha Amor Caipira levou ao tablado o espetáculo “Sucupira – Um Lugar Onde Tudo Pode Acontecer”, inspirado na clássica obra O Bem-Amado, de Dias Gomes. Com muita animação e irreverência, a quadrilha apresentou uma sátira política protagonizada por 57 casais, misturando humor e crítica social ao retratar as trapalhadas do fictício prefeito Odorico Paraguaçú.
Em uma cidade cenográfica rica em detalhes, a quadrilha encenou a eleição do prefeito, a grande festa de São João, o tradicional casamento caipira e até a escolha da rainha do arraial. Em sua controversa missão de inaugurar um cemitério sem mortos, Odorico acabou se tornando o primeiro “hóspede” do novo espaço que tanto queria inaugurar, encerrando o espetáculo de forma surpreendente e memorável.
Confira a programação na Arena Junina desta quinta-feira, 5 - a partir das 19h
Apresentação da Quadrilha Estrela Junina – grupo de acesso
Apresentação da Quadrilha Evolução Junina – grupo de acesso
Apresentação da Quadrilha Arrasta Pé – grupo de acesso
Apresentação da Quadrilha Tradição Macuxi – grupo especial
Apresentação da Quadrilha Xamego na Roça – grupo especial
Apresentação da Quadrilha Zé Monteirão – grupo especial
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